Pular para o conteúdo principal

3G e os serviços públicos


Temos acompanhado aqui com atenção as iniciativas de mobilidade em governo, o m-Gov, na certeza de que a estratégias de prestação de serviços públicos em plataforma móvel devem estar na pauta de qualquer governo. Esse alinhamento emergente das tecnologias pessoais e convergente para a telefonia móvel, beneficia tanto cidadãos quanto a própria gestão.

O caso da SABESP noticiado pela InfoCorporate, é exemplo de interpretação das facilidades tecnológicas aplicadas ao ambiente "hostil" que é o da manutenção da rede de água e esgoto de São Paulo. Segundo a reportagem, as 800 equipes colocadas à rua diariamente para resolver problemas de vazamentos, ligações de água e de esgoto e trocas de hidrômetros "deixaram de sair às ruas com um calhamaço enorme de papéis – requisições, mapas, listagens e documentos. No lugar, carregam um smartphone.", neste caso equipado com wi-fi, camera, GPS e acesso aos mapas da rede de saneamento local.

Com a disponibilidade da tecnologia 3G no país, abrem-se novas oportunidades para a criação e oferta de serviços públicos antes jamais imaginados, uma vez que permite a banda larga móvel e a possibilidade de videochamadas através de aparelhos celulares, entre os serviços mais destacados.

Um modelo interessante de banda larga móvel na área pública está na revista Info deste mês, edição impressa, onde sugere a adoção de celulares 3G como hotspots a serviço da população, afirmando que "em cidades onde a banda larga terrestre não está disponível, celulares 3G vão fazer o papel de roteador e oferecer a internet sem fio em locais como postos de estradas, pousadas e cidades muito pequenas". Talvez o caminho mais rápido para as cidades digitais, penso.

Uma outra aplicação que despertou interesse vem da Universidade de Washington, especificamente do Department of Computer Science and Engineering, que mantém o projeto MobileASL e vem estudando formatos de vídeocompressão para mobiles, tendo por objetivo facilitar o uso de celulares pelo usuário surdo-mudo. Imagino o benefício na prestação de serviço público com esse recurso que, segundo o site do projeto, já foi implantado no Japão e na Suécia.

Sim, mas aí vem aquela conversa toda do preço das tarifas no Brasil, da lentidão das organizações públicas, acadêmicas ou privadas em desenvolver soluções e tudo mais. Reconheço isso, mas animou-me também a reportagem do Caderno Digital, tendo como fonte o Ibope/NetRatings, apontando que 7% da base de usuários brasileiros acessaram a Internet por meio de celulares em 2007 - o que representa 2,8 milhões de internautas. O mesmo caderno ainda destaca que o Brasil está entre os campeões de acesso e que até 2010, 15 milhões de conexões serão feitas via banda larga, sendo 3 milhões por meio de celular.

Se esses números não confirmam a tendência e a necessidade de (des)envolvimento do governo nesse segmento, vamos continuar assistindo o que os demais países protagonizam.

Comentários

Everson disse…
Prezado Álvaro,

Você afirma em seu post "aí vem aquela conversa toda do preço das tarifas no Brasil, da lentidão das organizações públicas, acadêmicas ou privadas em desenvolver soluções e tudo mais" que impedem o deslanche de iniciativas de governo móvel. É isso meu trabalho de pesquisa. Assim, se você tiver disponibilidade e interesse em colaborar com um estudante posso enviar-lhe o projeto de pesquisa e os questionários...

Ah, sim, você deve saber como ninguém o descompanso entre organizações públicas e privadas. Ontem lê um notícia dizendo que a Anatel não havia até aquela data emitido as autorizações para as operadoras utilizarem a 3ª geração. Lembremos que o leilão foi em dezembro...

Everson
everson.aguiar@gmail.com
Alvaro Gregorio disse…
Pois é, Everson, apesar de nem autorizada a 3G, tanto a Claro quanto a Vivo já oferecem o serviço. Veja o crescimento de consumo (de 152Mb para 180Mb por usuário) que a pesquisa da ipass dispõe em http://www.ipass.com/pressroom/pressroom_wifi.html .
everson.aguiar disse…
Álvaro,
Como já falei vc realmente está conectado. Está sempre em alta velocidade. Que bom que você compartilha conosco tantas informações.

Aproveito para disseminar um grande iniciativa de um governo local australiano. Trata-se de uma centro de recursos de e-government
http://www.egov.vic.gov.au/. É provável que vc já conhece mas, segue a dica para os demais leitores.

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan

Objetivos e valores do Laboratório de Inovação

Um laboratório de inovação em governo pode atuar desde a criação de novas políticas públicas até a prototipagem de serviços prestados ao cidadão. A diferença não se trata apenas de níveis da gestão (estratégica e operacional), mas também define o porquê deve existir o lab, sua estrutura, seus objetivos e quais valores irá agregar ao governo. Objetivar amplitude e formas de atuação nos ajuda a relacionar quesitos, estabelecer limites e buscar as parcerias certas. Antes de apresentar uma nova relação sobre os aspectos de construção do laboratório, como os aspectos projetuais colocados em post anterior , apresento uma lista que pode ajudar a definir com um pouco mais de formalidade e precisão, após respondido o checklist projetual , para que está sendo criado o laboratório e no que pode contribuir para um governo inovador. A ideia é de que usemos essa relação para selecionar aqueles itens que se aproximam com os objetivos do lab que pretendemos construir ou significar, mantendo em