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Ligação Direta


Conforme temos observado em muitas das postagens realizadas neste blog, o ambiente de mudanças aceleradas e a proliferação de problemas complexos, duas das principais marcas da era do conhecimento, têm empurrado os governos, de uma forma geral, para a busca de soluções inovadoras que possam melhorar o serviço e manter a administração pública alinhada com a uma sociedade mais e mais sofisticada e participativa.

Dentre as diversas ações rumo à melhoria continuada dos governos, uma das mais instigantes e promissoras diz respeito ao uso da inteligência coletiva para melhorar a administração pública. Partindo de iniciativas isoladas, colhidas em governos aqui e ali, começa a ganhar força a idéia de que os problemas do setor público por serem, em última análise, problemas da sociedade são melhor resolvidos quando envolvem, ativamente, a cidadania na construção de soluções.

Tal como tem ocorrido com diversas iniciativas inovadoras para melhorar a administração pública, a experiência mais avançada no sentido de criar este híbrido de cidadão e servidor, figura típica do século XXI, nos é dada, mais uma vez, pelo governo norte-americano, com base na implantação de um programa batizado de Challenge.gov.

Em termos gerais, neste programa, o governo federal define uma variada gama de desafios que compreendem o desenvolvimento de softwares, a produção de vídeos institucionais, a invenção de novos produtos ou serviços, o acolhimento de idéias, etc.

Estes desafios são todos eles divulgados no site do programa e conclamam a cidadania a oferecer soluções para cada um deles, estimula o trabalho em equipe e o uso das redes sociais. Os temas abordados perpassam praticamente toda a administração, envolvendo setores como saúde, educação, agricultura, só para citar alguns. Embora focado em envolver o cidadão, o programa encontra-se igualmente aberto aos servidores federais.

Para participar o interessado deverá preencher um cadastro muito simples, o que pode ser feito em menos de 30 segundos.

Cada um dos desafios propostos é pormenorizado em página própria, divulgada na internet, onde são discriminados os patrocinadores daquele específico problema, os prazos para submissão de soluções, os critérios de pontuação utilizados e a premiação envolvida. As propostas vencedoras são continuamente divulgadas neste ambiente.

Este modelo de melhoria do serviço público felizmente está se espalhando de forma muito rápida pelos demais níveis de governo norte-americano, conforme pode ser observado no Challenge Post, um grande “market-place” de desafios propostos para o setor público. Um exemplo de solução já implantada, gerada neste padrão, é o WayFinder, site para telefone celular que aponta as melhores alternativas para quem quer se deslocar na cidade de Nova Iorque, utilizando o sistema de transporte coletivo disponível, envolvendo metrô, ônibus, trem e demais modos.

Programas deste tipo, que aproximam o serviço público da cidadania, abreviam prazos de desenvolvimento, melhoram a oferta de serviços e poupam recursos públicos são instrumentos que tendem a se multiplicar na razão direta da percepção por parte dos governos que modelos antigos de gestão, centrados em hierarquias rígidas, departamentos estanques e burocracias incontroláveis mais acentuam do resolvem os problemas propostos pela era do conhecimento.

Comentários

Sergio Souza disse…
Caro mestre e amigo, aprendi a promover e respeitar inovações e entender que a informação e a partipação deva ser sempre estimulada. Parabens pelo tópico escolhido, mais uma vez vejo necessidade de trocar conhecimento.
Prezado Sergio,

Fico muito satisfeito de poder ter dado uma pequena contribuição para despertá-lo quanto aos grandes desafios que a era do conhecimento traz para os governos.

Mais ainda, de saber que você tem procurado aplicar conceitos da gestão do conhecimento visando aprimorar a qualidade do serviço público.

Visite-nos sempre, será um prazer

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