Pular para o conteúdo principal

10 Mandamentos para as Cidades do Futuro

Reafirmo que, nos dias de hoje, para as cidades que almejam um papel de destaque na sociedade do conhecimento, não basta tentar atrair empresas. Tão ou mais importante, para elas, é abrigar talentos, pessoas físicas criativas que possam, com o seu capital intelectual, gerar novos produtos e serviços que, por fim, propiciem uma prosperidade sustentada para a região.

As mais importantes cidades mundiais, já abordamos isto em postagens anteriores do igovbrasil, possuem, atualmente, agências de desenvolvimento preocupadas em transformar esses locais em um imã para as novas gerações,  as quais, além de já possuirem uma relação de profunda naturalidade com as modernas tecnologias da informação e comunicação, trazem, com elas, padrões de consumo, exigências sócio-ambientais e visão de mundo bastante peculiares.

Embora as grandes metrópoles sejam um “locus” natural para essa moçada, há também um suculento espaço para cidades de menor porte que queiram viver do conhecimento e não da modorra.

Na bibliografia que tenho consultado sobre o tema, observo que a revitalização, ou mesmo a construção de novas cidades de porte médio, começam a incorporar alguns padrões que, até há alguns anos, eram pouco considerados ou até mesmo, solenemente descartados.

Dentre os novos mandamentos das cidades do futuro, gostaria de destacar os dez que mais me chamaram a atenção:

1° Oferta de ampla e democrática rede de banda larga. Aí circula o conhecimento, digo a riqueza. Sem isso, não dá nem para começar.

2° Disponibilidade de uma estrutura educacional de classe mundial, centrada no uso de novos métodos de ensino e na oferta de disciplinas do mundo contemporâneo (turismo, gastronomia, artes, novas tecnologias, etc.).

3° Proliferação de ambientes públicos que estimulem a diversidade, a livre circulação de idéias, a inovação e as atividades colaborativas (oficinas, estúdios, etc.).

4° Predominância da área verde sobre a edificada, com a presença de parques, lagos, cursos d’água e outros recursos deste tipo.

5° Estímulo à vida saudável, expresso pela existência de extensas áreas de calçadões, ciclovias, quadras e demais facilidades públicas para prática de atividades esportivas.

6° Disponibilidade de uma nova geração de usinas centradas no aproveitamento de energia solar e/ou eólica, que diminuam, de modo substantivo, os gastos nessa área.

7° Prioridade aos meios de transporte que privilegiem o uso da eletricidade ou outras formas de manejo energético, de modo a reduzir, de forma consistente, a emissão de gases nocivos à vida do planeta.

8° Existência de área central, downtown, e paço governamental, plenamente integrados à vida da cidade, que facilitem a entrega de serviços públicos e que promovam um balanço inteligente entre habitação, trabalho, lazer e cultura, com predomínio de distâncias caminháveis e  inexistência dos desconfortos da abominável hora do rush.

9° Valorização de atividades voluntárias e comunitárias, que despertem o sentimento de cidadania.

10° Disponibilidade de infra-estrutura de proteção contra danos causados pela natureza, como chuvas, secas, tornados, tufões, nevascas, terremotos, etc.

Para terminar, penso que estas cidades sairão do papel muito antes do que se pensa.

Onde elas estarão? Em locais, nos quais, os valores que ela expressa forem abraçados por toda a sociedade.




**
Fonte da Ilustração:http://www.babcockranchflorida.com/simplicity.asp

Comentários

Enric Toledo disse…
José, muito bem colocado.

Acreditamos firmemente nisto e estamos trabalhando para que isto aconteça !

www.aliancaluz.org

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan

Objetivos e valores do Laboratório de Inovação

Um laboratório de inovação em governo pode atuar desde a criação de novas políticas públicas até a prototipagem de serviços prestados ao cidadão. A diferença não se trata apenas de níveis da gestão (estratégica e operacional), mas também define o porquê deve existir o lab, sua estrutura, seus objetivos e quais valores irá agregar ao governo. Objetivar amplitude e formas de atuação nos ajuda a relacionar quesitos, estabelecer limites e buscar as parcerias certas. Antes de apresentar uma nova relação sobre os aspectos de construção do laboratório, como os aspectos projetuais colocados em post anterior , apresento uma lista que pode ajudar a definir com um pouco mais de formalidade e precisão, após respondido o checklist projetual , para que está sendo criado o laboratório e no que pode contribuir para um governo inovador. A ideia é de que usemos essa relação para selecionar aqueles itens que se aproximam com os objetivos do lab que pretendemos construir ou significar, mantendo em