O movimento de jornalistas independentes, iniciado em Cuba nos anos 90 e destroçado pelo governo daquele país na Primavera Negra de 2003, deixou um legado de atores intelectuais que coloca o regime castrista em desconcertada situação : os blogueiros.
Essa retomada jornalística de opinião - creio que já não temos mais que discutir diferenças entre jornalistas e blogueiros - começa em 2008 quando o presidente cubano Raúl Castro autorizou a venda de computadores para a população, liberando também que cubanos pudessem entrar em hotéis reservados a turistas.
A medida possibilitou que os blogueiros de Cuba pudessem compor seus textos em equipamentos pessoais, apesar das diversas restrições de acesso a internet, que ainda hoje, é limitado a residentes estrangeiros, funcionários de alto escalão, hotéis e cibercafés autorizados pelo governo. Para ter uma idéia, uma hora de conexão nos cibercafés custa perto de cinco dólares, ou seja, um terço da média salarial cubana.
Diante disso, os blogueiros começam a driblar o acesso vetado, postando heroicamente em seus blogs e mostrando a Cuba não-oficial para o mundo. Destaco três blogs apresentados na reportagem do El País:
- El Octavo Cerco, escrito por Claudia Cardelo, uma jovem de 26 anos que, para postar, envia os textos em meio digital offline a amigos que estão fora do país;
- Cruzar Las Alambradas, de Luis Felipe Rojas que, por telefone, lê seus textos a amigos na Espanha e EUA, que gravam e postam na rede. Rojas foi detido pela polícia local em 25 de dezembro último, mas já está "livre" novamente; e
- Geração Y, de Yoani Sánchez, uma mulher de 34 anos que representa a alma máter do movimento blogueiro cubano, que narra em seu blog uma visão pessoal e realista sobre os nascidos em Cuba nos anos 70 e 80. Yoani foi, juntamente com seu marido, presa e espancada por agentes à paisana em novembro.
Nas palavras de Maite Rico, no El País, os blogueiros cubanos representam "o contraponto exato do padrão almejado pelo regime comunista: são espontâneos, sinceros e antidogmáticos. Esbanjam humor e ironia. Não tem medo.".
Comentários
Democracia é frágil mas necessária para se pensar e sentir como interromper a des(H)umanização e morte do habitat humano. Estamos todos linkados embora alguns não possam estar, como bem mostrastes nesta postagem magnífica. O link humano pode mudar a rota suicida da humanidade neste século 21.
É preciso, mais do que nunca, estarmos interligados na razão e na emoção!
Bjkas e bom domingo!
Se fosse nos EUA, esses "blogueiros" já tinham sido executados(receber grana de potência estrangeira para conspirar contra o próprio país é crime em qualquer lugar do mundo,mas só em Cuba essa gente ganha arrego - ao menos em quanto não pegarem em armas).
O post fica e, apesar de imbecil, o seu comentário também.