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Nanovisão 10 X Nanotecnologia 0


Inflação controlada, grandes reservas de petróleo na camada do pré-sal, recuperação da economia, Copa do Mundo de 2014, Olimpíada de 2016. É só alegria.

Ainda que, meus amigos, eu também esteja feliz e, por vezes, até me emocione com muitas dessas notícias, vira e mexe, tenho uma recaída. Nesses momentos, com a boca amarga e certa agitação, eu começo a repetir, sem parar, o principal bordão de minhas postagens no iGov Brasil: Que país queremos ser?

Será que a atual agenda de boas novas está sendo utilizada para pavimentar o caminho rumo a um Brasil próspero e justo? Por acaso, estamos aproveitando os bons ventos para definir estratégias que coloquem o conhecimento como o produto central de nossa economia. Será que estamos quebrando a cabeça para definir as políticas públicas mais adequadas para chegarmos a este cenário? Que linhas de financiamento estamos desenhando neste sentido. E a nossa legislação, está sendo atualizada para permitir vôos mais altos?

Sempre que eu começo a achar que, finalmente, estamos no caminho certo, pronto, lá vem um balde de água fria. A ducha, desta vez, veio com a leitura da reportagem
"Nanotecnologia para os outros" publicada na revista EXAME, de 21 de outubro passado.

Embora haja, atualmente, nos países ricos e em alguns emergentes, uma espécie de consenso de que produtos baseados na utilização da nanotecnologia serão, daqui para frente, o filé mignon da economia do conhecimento, parece que esta ficha ainda não caiu para nós.

A matéria (acesso parcial para não assinantes) acima apontada mostra que, até aqui, nada sugere que o Brasil venha se tornar um grande player no mercado mundial de produtos centrados na nanotecnologia. O que mais me impressionou na citada reportagem foi a história da Aquamare, empresa criada em 2005 por três jovens empreendedores paulistas, para produzir água mineral a partir da dessalinização da água do mar.

Em 2006, a Aquamare pediu o registro do produto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Em 2008 o mesmo pedido foi feito, nos Estados Unidos, junto a Food and Drug Administration - FDA, autoridade sanitária norteamericana. Em 15 dias o produto da Aquamare foi liberado para comercialização nos Estados Unidos. Quanto à Anvisa, adivinhem, nenhuma resposta até o momento.

Embora possam produzir 1 milhão de copos de água, por mês, a jovem empresa fabrica somente 50 mil unidades, exportadas para os Estados Unidos.

Sem liberação por parte da Anvisa, sem linhas de crédito oficiais, o diretor geral da Aquamare, Jairo Viviane, acha difícil continuar bancando a fábrica e vislumbra como única alternativa licenciar o produto para produção em outro país, mais sintonizado com os novos tempos.

Até quando, continuaremos a pensar pequeno, quer dizer, nano?


Comentários

Olá, amigo! Adoooro teus textos. Penso muito parecido. Fico indignada com frequência ao assistir aos noticiários. Teus textos são de fácil compreensão e de muita verdade. Quando tiver um tempinho, visite meus blogs:
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