Fico um pouco desconfortado quando ouço ou leio sobre o "otimismo da Obamamania" colocado em tom de deboche e exagero, parece que aqueles que acreditam ou externam sua esperança na gestão de Obama são tolos, ingênuos o suficiente para não verem a realidade que o exercício do poder imprime sobre qualquer mandatário, bem ou mal intencionado. Isto não é verdade.
No caso dos "bem intencionados", o otimismo se distingue da realidade ou do pessimismo por oferecer a oportunidade de inovar, de mudar, de melhorar o estado das coisas e as coisas do Estado. É assim que surgem as boas idéias e as propostas que de fato interessam, mostrando-nos caminhos que são, no mínimo, alternativas para o desenvolvimento e para a inovação. É melhor que o otimismo, com certos limites é claro, contagie as pessoas a ponto de abrir portas e janelas para novos ares.
Um bom exemplo é o Personal Democracy Forum, dedicado às mudanças que a tecnologia pode provocar na política e na gestão pública, que recentemente disponibilizou uma antologia de 40 ensaios sobre governo 2.0, indo desde as eleições e as novas formas de organização civil, até as formas de participação do cidadão nas decisões governamentais, tendo em vista as atuais e futuras tecnologias.
O livro Rebooting America reúne visões múltiplas, porém convergentes, de um governo 2.0 que pode liderar e foi publicado na perspectiva de servir a um governo de mudança e inovação, como parece-nos, com o otimismo que convém, o governo Obama. Seus autores, experientes em tecnologia e políticas públicas, apresentam um caminho para os próximos dez anos que em nenhum momento confunde-se com a futurologia cibernética, mas pauta-se no redor e no recente para propor mudanças em governo.
Com boa dose de humor, espero que alguma editora o publique também em português. Curiosa coincidência, há algumas semanas eu escrevia aqui sobre a necessidade de "um reboot capaz de mudar o funcionamento de toda a gestão, pelo update democrático"; estamos sintonizados.
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