Pular para o conteúdo principal

Cidadão Único

Quando se fala em serviços eletrônicos, tenho em conta que o governo de Cingapura foi quem fez o primeiro portal organizado por eventos de vida, dedicado ao cidadão e serviços públicos, lá em 2004, com o inovador e bem-sucedido e-Citizen, que serviu de base para que montássemos aqui em São Paulo o Cidadão.SP e outros governos, como a França com o Service Public, também o copiassem como um modelo de government to citizen (G2C).

Inovando continuamente, Cingapura lançou em 2005 o myecitizen, um portal personalizado para que cada cidadão pudesse ter em sua página exclusiva e segura, todos os registros e transações que faz com o governo. O myecitizen era, e ainda é, o case mais próximo que um governo já chegou do CRM - Citizen Relationship Management. Com todos os avanços cingapurianos já comentados aqui, ficou impossível acompanhá-los: são rápidos, competentes e sabem o que os serviços online podem fazer.

Uso o exemplo do myecitizen toda vez que quero falar sobre inovação na relação governo-cidadão na web. Mas era um exemplo solitário, um caso isolado, quase uma dádiva daquela cidade-estado asiática. Notícia boa: a França também fez e chama-se Mon Sérvice Public.

Lançado em dezembro de 2008, o portal francês estava em desenvolvimento e testes desde 2006. Foram dois longos anos para que o governo entregasse aos seus cidadãos um mega-serviço online.

No Mon Sérvice Public, o cidadão pode criar uma conta onde registra seus dados pessoais uma única vez e compartilha esses dados com os vários órgãos da administração. Assim, o cidadão tem em seu site, seguro sob login, os serviços públicos relacionados diretamente com seu interesse, como documentos, impostos, seguridade social e outros, mas de forma personalizada, já que o sistema reconhece-o como cidadão único, independente de qual órgão do governo se relaciona.

Este conceito de cidadão único reduz trâmites e a complexidade administrativa, eliminando por exemplo que o cidadão seja só motorista ou proprietário de carro para o DETRAN, segurado para o INSS, contribuinte para a Receita e assim por diante. Um cidadão único para um governo unificado.

Como para usar o site é necessário ser cidadão francês, conheça esse novo serviço francês com o tour, que pode ser acessado aqui

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado...

Cases de Design Thinking em Serviços Públicos fora do Brasil

É comum que me perguntem sobre cases de uso do Design Thinking pelos governos brasileiros, sejam municipais, estaduais ou federais. Há um certo "ver para crer" na pergunta, mas há também a necessidade de mostrar aos outros, incluindo chefes e tomadores de decisão, que existe um caminho mais promissor e realizável para tratar os desafios de hoje. Minha experiência aponta mais para aquilo que fazemos no Governo do Estado de São Paulo, desde 2010, quando adotamos o DT como abordagem metodológica para entender a complexidade e resolver problemas com foco no cidadão. Nesse período vimos crescer a utilização em grandes empreendimentos como Poupatempo, Metrô, Secretarias da Fazenda, de Desenvolvimento Social e da Educação. Alguns outros exemplos e cases nacionais no setor público podem ser encontrados na Tellus , que tem atuado bastante em prefeituras e especialmente nas áreas de saúde e educação. Mas neste post quero apenas apontar para alguns links daqueles que trabalham e...

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan...