Pular para o conteúdo principal

O Dilema da Nova Geração na Antiga Corporação


Um dos grandes desafios das organizações contemporâneas, sejam elas privadas ou governamentais, gira em torno de como conciliar a maneira de trabalhar, moldada em cima de hierarquias rígidas, profusão de departamentos, restrição à criatividade, só para citar alguns dos traços que ajudaram a construir a era industrial, com os anseios de jovens que vivem em uma sociedade caótica, globalizada, na qual as novas tecnologias são utilizadas de forma tão intensa e natural em seus processos de aprendizagem, relacionamento e lazer, que dificultam a percepção, por parte deles, que já houve, não faz muito, um mundo sem Internet.
Por conta dessas características, o local de emprego é o campo de batalha onde esses conflitos vêm a tona de forma mais marcante. Observem que a mesma angústia do antigo profissional, averso à inovação, tem, ao se deparar com um tablet ou smartphone,  é encontrada entre os nativos digitais ao observar carimbos e caixinhas de entrada e saída de documentos em papel.
Esse embate não vai ser fácil e o resultado ainda é nebuloso. Um aspecto, no entanto, ficou evidente pelo relato dos especialistas com os quais tenho conversado. Nessa luta, as organizações vão ter que mudar mais do que os jovens ingressantes. O motivo é surpreendentemente simples. Esse novo funcionário é também o novo fornecedor, o novo consumidor (para a empresa privada) e o novo cidadão (para os governos de uma forma geral). Eles estão atacando de todos os lados.
No caso particular dos governos, esta questão merece um exame ainda mais aprofundado, na medida em a idade média dos funcionários públicos, de uma forma geral, não obstante a realização de muitos concursos, em anos recentes, encontra-se bem acima da média da população nacional, o que sugere uma crescente incorporação de jovens ao longo dos próximos períodos.

O fato é que, todas as organizações para se manterem competitivas, no caso das empresas privadas, ou representativas, no casos dos governos, deverão examinar e entender os sonhos e valores dos que estão chegando para que, ao iniciar o trabalho, a energia e o idealismo dessa garotada não comecem a derreter.
Neste sentido, o grande sucesso da  empresa paulista 99jobs, que tem como seu principal produto um site cujo objetivo é conectar organizações e pessoas que procuram colocação em torno de um conjunto de valores comuns que confiram a esse casamento uma maior probabilidade de sucesso, já mostra o despertar de algumas organizações para este dilema que tende a se ampliar nos próximos anos.

Concluo esta postagem com um quadro que consolida as principais características destes jovens, com base na experiência de alguns renomados recrutadores.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan

Objetivos e valores do Laboratório de Inovação

Um laboratório de inovação em governo pode atuar desde a criação de novas políticas públicas até a prototipagem de serviços prestados ao cidadão. A diferença não se trata apenas de níveis da gestão (estratégica e operacional), mas também define o porquê deve existir o lab, sua estrutura, seus objetivos e quais valores irá agregar ao governo. Objetivar amplitude e formas de atuação nos ajuda a relacionar quesitos, estabelecer limites e buscar as parcerias certas. Antes de apresentar uma nova relação sobre os aspectos de construção do laboratório, como os aspectos projetuais colocados em post anterior , apresento uma lista que pode ajudar a definir com um pouco mais de formalidade e precisão, após respondido o checklist projetual , para que está sendo criado o laboratório e no que pode contribuir para um governo inovador. A ideia é de que usemos essa relação para selecionar aqueles itens que se aproximam com os objetivos do lab que pretendemos construir ou significar, mantendo em