Pular para o conteúdo principal

Governo e Comunidades de Prática



No recente inovaDay, ocorrido em agosto, uma das apresentações destacou-se, tanto pelo tema, quanto pelo palestrante. Fabio Cipriani, da Deloitte, apresentou sob o título Mídias Sociais no Governo, um alerta a todos os dirigentes públicos que ainda não despertaram interesse e valor nas redes, apontando para as oportunidades que as mídias sociais oferecem aos governos, assim como para o risco que se corre ao evitá-las. 


De modo específico em redes sociais, podemos dividir em duas direções adotadas por governos mais desenvolvidos:
1- Criação de perfis em comunidades como Orkut e Facebook, com finalidade de divulgar feitos e serviços do governo. Este caminho é na maioria dos casos comandado por áreas de comunicação do governo, daí o apelo segue sempre o tom promocional, longe da prestação de serviços ou de ampliar a participação de cidadãos nos processos do governo; e
2- Criação de Comunidades, em Ning, Grou.PS ou qualquer outro aplicativo online. Como sabemos, uma comunidade se presta a três objetivos: relacionamento, aprendizado e prática.


Há algum tempo me associei a duas comunidades desse tipo, uma é a GovLoop que apesar de não ser nem oficial, nem restrita a servidores de governo, pauta incessantemente assuntos de interesse em gestão pública e governo eletrônico. Outra de semelhante teor e não restrita, mas oficial, é do Instituto Nacional de Administração, em Portugal, denominada Comunidades INA, que vai em bom caminho. A propósito, o governo português também criou e mantém uma comunidade de administração pública focada em gestão do conhecimento, chamada Rede Comum do Conhecimento, anteriormente comentada aqui.


Então o que pode uma Comunidade de Serviços Públicos ? É fácil pensar que, se envolver representantes do governo e cidadãos, a potencialidade de melhorar relacionamento, prestar serviços e aumentar a colaboração é imensa, mas ainda requer cultura interna governamental preparada para tanto.


Como preparar ? Ora, usando uma Comunidade de Prática em Serviços Públicos, talvez seja mais rápido, eficiente e efetivo o campo real de servidores discutindo semelhanças e diferenças em processos de governo, não com a finalidade de padronizá-los, mas de inová-los. 
A própria estratégia de uma comunidade governo-cidadão pode ser melhor planejada e conduzida a partir dessa comunidade interna.


Veja o que está fazendo o governo britânico ao criar a Communities of Practice for Public Services, cuja proposta é reunir inúmeras comunidades de servidores que praticam trabalhos semelhantes, na maioria remotamente localizados e, a partir do relacionamento que a comunidade oferece, montam grupos de estudos, fóruns de discussão, blogs, wikis e tudo mais que as ferramentas sociais oferecem.


O projeto foi criado pelo IDEA, denominação do grupo governamental britânico Local Government, que relata outras várias boas práticas do Reino Unido neste endereço.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan

Cases de Design Thinking em Serviços Públicos fora do Brasil

É comum que me perguntem sobre cases de uso do Design Thinking pelos governos brasileiros, sejam municipais, estaduais ou federais. Há um certo "ver para crer" na pergunta, mas há também a necessidade de mostrar aos outros, incluindo chefes e tomadores de decisão, que existe um caminho mais promissor e realizável para tratar os desafios de hoje. Minha experiência aponta mais para aquilo que fazemos no Governo do Estado de São Paulo, desde 2010, quando adotamos o DT como abordagem metodológica para entender a complexidade e resolver problemas com foco no cidadão. Nesse período vimos crescer a utilização em grandes empreendimentos como Poupatempo, Metrô, Secretarias da Fazenda, de Desenvolvimento Social e da Educação. Alguns outros exemplos e cases nacionais no setor público podem ser encontrados na Tellus , que tem atuado bastante em prefeituras e especialmente nas áreas de saúde e educação. Mas neste post quero apenas apontar para alguns links daqueles que trabalham e