Pular para o conteúdo principal

Boas Práticas no Setor Público, em Portugal



Sempre que penso em premiações, sob olhar desconfiado do Sérgio Bolliger ao meu lado, dá-me a sensação dividida de quem vê o lado do incentivo, da recompensa e do reconhecimento, mas por outro, algo meio antigão, com critérios às vezes subjetivos e alguns vencedores sem merecimento.

Os prêmios e incentivos na administração pública não são poucos, mas daqueles que se pode dizer premiar a inovação e melhorias na gestão do setor, sempre destaco o Prêmio Boas Práticas no Sector Público, promovido em Portugal pelo INA - Instituto Nacional da Administração, que iniciou neste mês a sua oitava edição, apoiados pela Deloitte.

Antes de apresentar a lista dos projetos que o prêmio revelou no ano passado, cujo relatório pode ser baixado aqui, quero indicar ao leitor uma visita demorada ao site do INA, que possui interface bastante simples, mas uma riqueza de conteúdos e propostas para a administração pública que deixa-nos com desejo de ver por aqui um instituto ou fundação de mesma atuação. Por si, o INA já é uma boa prática portuguesa.

A premiação das boas práticas vê-se a fim de: "destacar iniciativas bem sucedidas, comunicar os resultados e premiar quem se distingue constituem fortes incentivos para o empenho dos serviços na mudança, nas diferentes vertentes em que ela se desdobra. Recompensa quem se
envolve em tarefas por vezes tão difíceis, quem ousa sair da comodidade das suas rotinas, quem se arrisca ao insucesso para tentar o sucesso. ", princípios nobres de estímulo à mudança e inovação na área pública.

Os projetos e iniciativas vencedoras de 2009 foram:

Redução de Custos Empresa/Cidadão
Entidade: Administração do Porto de Lisboa
Projeto: Gestão de resíduos de navios no Porto de Lisboa

Otimização de Receita
Entidade: Autoridade Florestal Nacional
Projeto: Licenciamento de Caça via Caixa Multibanco

Melhoria de Processos - Administração Local
Entidade: Câmara Municipal de Águeda

Serviço ao Cidadão - Administração Local
Entidade: Câmara Municipal de Baião / ARS-Norte
Projeto: Unidade Móvel de Saúde

Capital Humano
Entidade: Câmara Municipal do Porto
Projeto: Gestão do Capital Humano: Treino para a Mudança

Especial do Júri
Entidade: Câmara Municipal do Seixal
Projeto: Direcção do Projecto Municipal Migrações e Cidadania

Melhoria de Processos - Saúde
Entidades: Centro Hospitalar Lisboa Central
Projeto: Sistema de Comunicação Integrada das Equipes de Saúde

Serviço ao Cidadão - Saúde
Entidade: Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, EPE - Unidade de Diagnóstico Pré-Natal
Projeto: Rastreio de Malformações Fetais e Aneuploidias no Primeiro Trimestre

Cooperação
Entidade: Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais
sobre o Consumo (DGAIEC) e Direcção-Geral de Informática e Apoio aos Serviços Tributários e Aduaneiros (DGITA)
Projeto: SDS - Sistema Integrado dos Meios de Transporte e da Declaração Sumária

Serviço ao Cidadão - Ensino
Entidade: Direcção Regional de Educação do Alentejo
Projeto: TurmaMais

Serviço ao Cidadão – Administração Central Direta e Administração Regional
Entidade: DGAL – Direcção-Geral das Autarquias Locais
Projeto: Regime Jurídico da Urbanização e Edificação Online

Informação de Gestão
Entidade: Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social
Projeto: Uma Cultura de Exigência, Eficiência e Reconhecimento

Melhoria de Processos - Administração Central Indireta e Instituições de Utilidade Pública
Entidade: IGeoE – Instituto Geográfico do Exército
Projeto: SERVIR - Sistema de Estações de Referência GNSS VIRtuais

Serviço ao Cidadão - Administração Central Indireta e Instituições de Utilidade Pública
Entidade: Instituto Regulador de Águas e Resíduos
Projeto: Módulo de Qualidade da Água para Consumo Humano do Portal IRAR

Custos Internos
Entidade: Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE
Projeto: Sistema de Custeio por Atividades

Melhoria de Processos - Ensino
Entidade: Universidade de Coimbra
Projeto: BUUC - Balcão Único @ UC

Há no relatório outras tantas nomeações que foram inscritas e que, apesar de não premiadas, trazem bons conteúdos a serem considerados em serviços governamentais. Gosto especialmente de soluções tecnológicas para a gestão pública, porque são fáceis (e sempre possíveis) de reproduzir e aplicar em qualquer órgão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Cases de Design Thinking em Serviços Públicos fora do Brasil

É comum que me perguntem sobre cases de uso do Design Thinking pelos governos brasileiros, sejam municipais, estaduais ou federais. Há um certo "ver para crer" na pergunta, mas há também a necessidade de mostrar aos outros, incluindo chefes e tomadores de decisão, que existe um caminho mais promissor e realizável para tratar os desafios de hoje. Minha experiência aponta mais para aquilo que fazemos no Governo do Estado de São Paulo, desde 2010, quando adotamos o DT como abordagem metodológica para entender a complexidade e resolver problemas com foco no cidadão. Nesse período vimos crescer a utilização em grandes empreendimentos como Poupatempo, Metrô, Secretarias da Fazenda, de Desenvolvimento Social e da Educação. Alguns outros exemplos e cases nacionais no setor público podem ser encontrados na Tellus , que tem atuado bastante em prefeituras e especialmente nas áreas de saúde e educação. Mas neste post quero apenas apontar para alguns links daqueles que trabalham e

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan