Pular para o conteúdo principal

Rio Grande do Sul na trilha da inovação

Conheci em Porto Alegre, de forma breve em 2006, o atual presidente da PROCERGS, Ademir Picolli, que naquela ocasião era o anfitrião da cerimônia de entrega do Prêmio e-Gov e não escondia então seu interesse em empregar recursos da web 2.0 - como cloud computing e ferramentas sociais - na gestão gaúcha, a despeito de só haver uma iniciativa brasileira no setor público, a do governo paulista, que dava os primeiros passos em blogs e redes sociais.

Voltamos a nos encontrar em São Paulo, em 2009, em reunião menor e com foco centrado nessa estratégia de implantação de blogs, sites, canais de vídeo, Twitter e tudo que possa melhorar rapidamente a comunicação do governo, que felizmente permanecia no horizonte de Picolli. Percebi que a intenção se transformava em decisão.

O fato inédito nisso tudo é que se trata do primeiro presidente de empresa estatal de informática, a empenhar-se no uso dessas ferramentas como propulsoras da inovação em governo.

Em artigo publicado ontem no Jornal do Comércio riograndense, Picolli reforça a posição da empresa que dirige nesse sentido, que a seguir reproduzimos:

Os Governos e as redes sociais

Não é de hoje que as redes sociais vêm se tornando um dos principais meios de comunicação e de relacionamento para milhões de pessoas em todo o mundo. Só nos Estados Unidos, na primeira semana de 2010, o número de usuários do Facebook já tinha ultrapassado os 100 milhões. Desta parcela, 40% têm menos de 25 anos. É a geração Y trazendo irreversíveis mudanças no modo como as pessoas se relacionam.

No Brasil, em setembro de 2009, o número de usuários do Facebook já havia ultrapassado os 5 milhões. Um número pouco expressivo se comparado ao total de usuários do Orkut, que, no mesmo mês, era de 26 milhões. O Twitter, na época, contabilizava 9,2 milhões. Ou seja, uma parcela muito relevante da população utiliza as redes sociais para se informar, emitir opiniões e influenciar. É impossível falar em atitudes de comunicação inovadoras hoje, tanto nas empresas quanto nos governos, sem considerar essas alternativas como uma premissa.

Adequada a frase do pioneiro Roberto Agune, cuja experiência de implantação das redes sociais em São Paulo lhe chancela ter cunhado a seguinte afirmação: “A sociedade já decidiu participar das redes sociais e se relacionar por meio delas, e os governos devem estar onde a sociedade está”.

No Rio Grande do Sul, a Procergs – Centro de Soluções em Governo Eletrônico – atua como indutora desta nova forma de comunicação junto aos órgãos da Administração Pública Estadual. A Secretaria de Justiça e Desenvolvimento Social, por exemplo, conta, desde 2009, com dois blogues para estreitar o relacionamento com a sociedade. A Polícia Civil, vinculada à Secretaria da Segurança, lançou uma nova versão da Delegacia On-Line, que permite ao cidadão registrar ocorrências de furto, roubo e perdas a partir da internet.

Só que existe uma compreensível preocupação dos gestores com a segurança. O medo de abrir novos pontos de vulnerabilidade nas redes tem sido um argumento preponderante para que os governos ainda estejam engatinhando nessas ferramentas. É um temor a ser enfrentado. Não se pode esquecer que, em breve, os representantes da geração Y ocuparão posições relevantes no mercado e tratarão essas questões como pressupostos.

As entidades estaduais de Tecnologia da Informação e Comunicação têm a oportunidade única de serem protagonistas desta inovação. Se esse direcionamento ocorrer de forma concomitante, poderá levar ao crescimento conjunto. Esforço decisivo para os novos avanços que o futuro exige cada vez mais rapidamente.

Para ler na íntegra este artigo e outros posts da companhia gaúcha, acesse o blog da PROCERGS.

Comentários

Adans Soares disse…
Parabéns pela iniciativa, realmente sair do "quadrado" que se encontram os órgãos políticos na questão de interatividade é uma ótima forma de aproximar pessoas, interesses e assuntos em comum, trabalho como Designer Gráfico da SAA do Estado de São Paulo e também estamos investindo e avançando nesta área.

Postagens mais visitadas deste blog

Cinco Princípios para Novos Serviços Públicos. Terceiro: o Governo como Plataforma

A ideia de Tim O'Reilly ao criar o termo e a abordagem de Governo como Plataforma, foi dar uma perspectiva de valor de patrimônio e de uso aos dados governamentais. Inicia explicando que as plataformas seguem uma lógica de alto investimento, onde praticamente só o Estado é capaz de investir, mas permitem à população, ao utilizarem essa plataforma, gerar riquezas. Temos um claro exemplo ao pensar em uma rodovia como esse investimento. O governo a constrói, mas a entrega aos usuários para trafegarem seus produtos, serviços, passageiros, estimular turismo e economias integradoras etc.. Em outras palavras, uma plataforma rodoviária do governo, mesmo em concessão, será usada pela sociedade, mesmo a custo de pedágios. O mesmo serve para plataformas digitais. O governo americano durante a gestão Reagan, em 1983, tornou disponível ao mundo o Sistema de Posicionamento Global - GPS. A partir do uso mundial dessa plataforma podemos calcular quantos outros produtos e serviços foram gerado

Laboratório é problema, mas a governança ajuda a resolver

É preciso considerar que um laboratório de inovação pode atrair pessoas que desprezam as regras, não tanto por rebeldia, mas como um estilo de vida, um espírito independente que busca ocupar um espaço. O lab será visto como um oásis – ou miragem – no deserto de novas ideias das corporações. Em parte isso é justificado pela aura de criatividade que envolve o novo ambiente ao transmitir uma mensagem de liberdade, com suas técnicas de ideação que estimulam a distância dos valores burocráticos e, claramente, a palavra disruptura que carrega um certo rompimento com padrões. Isso cria alguns problemas iniciais para a organização que começa o funcionamento do laboratório, tais como: se outras organizações participarão do laboratório, alguns ajustes serão necessários; a segurança física/predial pode ser fragilizada com a presença de “gente de fora”; a segurança digital terá que se adequar ao ambiente de acesso irrestrito e wifi; os horários de funcionamento podem sofrer mudan

Objetivos e valores do Laboratório de Inovação

Um laboratório de inovação em governo pode atuar desde a criação de novas políticas públicas até a prototipagem de serviços prestados ao cidadão. A diferença não se trata apenas de níveis da gestão (estratégica e operacional), mas também define o porquê deve existir o lab, sua estrutura, seus objetivos e quais valores irá agregar ao governo. Objetivar amplitude e formas de atuação nos ajuda a relacionar quesitos, estabelecer limites e buscar as parcerias certas. Antes de apresentar uma nova relação sobre os aspectos de construção do laboratório, como os aspectos projetuais colocados em post anterior , apresento uma lista que pode ajudar a definir com um pouco mais de formalidade e precisão, após respondido o checklist projetual , para que está sendo criado o laboratório e no que pode contribuir para um governo inovador. A ideia é de que usemos essa relação para selecionar aqueles itens que se aproximam com os objetivos do lab que pretendemos construir ou significar, mantendo em