“Qual o erro mais perigoso atualmente no campo da inovação?”. A resposta foi elaborada por Hutch Carpenter, a convite do blog Business Strategy Innovation, que dividiu o tema “Perspectivas da Inovação” em questões cruciais a serem respondidas por especialistas da área.
Carpenter responde apontando para um dado curioso: 58% das empresas inglesas e norte-americanas não acreditam no poder das pequenas inovações, buscando apenas as grandes idéias. Isso faz com que a força de milhares de pequenas idéias sejam ignoradas, desperdiçando oportunidades de crescimento.
Outra barreira que impede o crescimento é justamente o medo de errar. Como na inovação não há garantias de que se obtenha o sucesso esperado, a prevenção de possíveis falhas faz com que novos projetos não sejam colocados em prática.
Paradoxalmente, isso geralmente acontece quando as mudanças são bruscas. Ou seja, quando a grande idéia aparece, o trabalho que há em convencer a diretoria que vale a pena arriscar-se, é proporcional ao tamanho da inovação.
As pequenas mudanças, por outro lado, possuem uma melhor aceitação. Sem poder abandonar as atividades rotineiras, uma grande mudança é facilmente descartada; enquanto as pequenas adaptações são vistas a bons olhos por não interferirem diretamente na rotina corporativa.
Carpenter conclui que uma das diferenças entre as inovações revolucionárias e as radicais está no índice de riscos aos empreendimentos. Enquanto a primeira pode ser simples, mas provocar um enorme progresso, a segunda exige esforços maiores e, conseqüentemente, riscos maiores.
Em Portugal, o consultor Rui Miguel Tavares, resumiu em um pequeno artigo o que considera os três principais erros durante o processo de inovação, com foco no produto e no usuário. São eles: inovar em áreas já satisfeitas; inovar para satisfazer necessidades pouco importantes e inovar às custas de funcionalidades já satisfeitas.
Tavares considera a inovação fruto da necessidade de algo até então inexistente e por esse motivo, acredita que é um erro aperfeiçoar um produto sem pensar na necessidade do consumidor. O exemplo que cita é a melhora do tempo no processo de impressão: as impressoras mais novas prometem uma impressão mais rápida, porém, muitas vezes isso é irrelevante para o consumidor, que acaba optando pelo menor preço.
Como inovação pouco importante, cita a falta de atenção dada às prioridades do consumidor na criação de um novo produto. Ou seja, pode vir a ser um produto satisfatório a princípio, porém os detalhes que deixaram a desejar tornam-se a força do concorrente.
Por fim, o último erro apontado é pensar na inovação sem pensar nas implicações decorrentes. Como, por exemplo, quando um cliente afirma que gostaria de um celular menor, possivelmente não pensará se isso o impossibilitará de enxergar bem os números, pois essa necessidade já foi atendida no celular que ele possui.
Tenho lido, com certo constrangimento, propostas de alguns “consultores para projetos de inovação”, fazendo parecer que inovação seja um produto de prateleira ou um processo de semi-acabados, em que bastam customizações e lá estará um programa de inovação implantado. Ainda há aqueles com complicadas metodologias que interpretam a criatividade como fator mecânico ou sistêmico, longe de humano, mas perto do controlável.
Aqui está um grande risco de erro que existe nos projetos iniciais de implementação estratégica de inovação, mas que nem Carpenter, nem Tavares, apontaram: a escolha da consultoria.
Comentários
abs
ag
parece-me que no público há uma cultura organizacional cristalizada que não permite sequer pequenas e simples inovações.
Parabéns pelo texto.