Ontem, tivemos em São Paulo o primeiro apagão digital de grandes proporções, do país.
Apesar da paralisia que este evento causou na maior parte dos serviços públicos, e em um sem número de negócios privados, que foram adiados ou até perdidos, considero o evento de 03 de julho de 2008, desculpem-me, muito bom.
Vamos aos porquês.
1. Uma ocorrência deste tipo, há dez anos, provocaria, na melhor das hipóteses, uma pequena nota nos grandes jornais diários de São Paulo. Ontem, o apagão digital foi primeiro destaque no Jornal Nacional; hoje, ocupa a manchete dos dois principais jornais de São Paulo.
Por que esse alarido, se o que circula pelas redes, que ontem ficaram paralisadas, não são automóveis particulares, caminhões de carga, alimentos perecíveis, professores em passeata, etc.
O motivo do inédito burburinho, foi que os bens, sem dimensão física, que correm por essas redes, tais como, transações financeiras, pesquisas de mercado, pacotes turísticos, “help desks” remotos, palestras, vídeos, músicas, compõem um bem maior, denominado conhecimento, o principal ativo dos nossos dias.
Se São Paulo parou, é sinal de que o conhecimento está incrementando sua participação nos PIBs, da cidade, do estado e do país. Parar foi ruim, muito ruim, mas descobrir que a circulação de conhecimento em São Paulo está ganhando volume foi bom, muito bom.
2. O evento de ontem colocou a questão das redes digitais na agenda política nacional. Aquela triste tradição de que político não investe em rede de esgoto por que elas ficam enterradas e não dão votos, que parece estar sendo, felizmente, superada, não pode se repetir com as redes digitais.
O atraso na construção de redes de esgoto nos trouxe como legado, rios mortos e taxas de mortalidade vergonhosas. O atraso no adensamento das redes digitais, por sua vez, dificultará nosso ingresso soberano na sociedade do conhecimento. Cidades líderes precisam de talentos, talentos demandam educação de alto nível, transportes modernos, qualidade de vida e ambientes tecnológicos compatíveis. As redes digitais colaboram para que tudo isso ocorra.
Na era do conhecimento, um dos principais indicadores de efetividade das cidades é a sua capacidade de transmissão de dados, medida em bits por segundo. Segundo dados da Tele-Geography, publicados na edição 907 da revista Exame, Londres é a cidade líder nesse índice, com 2,35 trilhões de bits por segundo (Tbps). Na seqüência surgem Paris (1,7 Tbps), Frankfurt(1,3 Tbps) e Nova York (1,2 Tbps). São Paulo está na vigésima colocação com humildes 0,17 Tbps.
Uma boa política pública pode nos levar mais para cima. Tapar os olhos para o problema pode transformar São Paulo em uma cidade sem talentos e, portanto, empobrecida. Sou otimista, acho que a ficha vai cair.
3. A importância do evento de ontem mostrou,também, que se conhecimento é fator estratégico, ele deve ter meios alternativos de circulação. Governos e iniciativa privada devem ficar atentos à necessidade de termos planos b muito bem azeitados para estas situações. Não é possível que um único fornecedor, seja ele qual for, responda por parcela tão substantiva no tráfego de dados de uma cidade, região ou país. A concorrência, nessa área, é indispensável para que a gente chegue mais perto do pelotão de cima das cidades e nações. Agências reguladoras, associações empresariais, e demais organismos com algum grau de interferência sobre esta questão, devem estudá-la com carinho e partir, de imediato, para ações que nos permitam, no futuro, agradecer que o apagão tenha ocorrido enquanto poderia acontecer.
Apesar da paralisia que este evento causou na maior parte dos serviços públicos, e em um sem número de negócios privados, que foram adiados ou até perdidos, considero o evento de 03 de julho de 2008, desculpem-me, muito bom.
Vamos aos porquês.
1. Uma ocorrência deste tipo, há dez anos, provocaria, na melhor das hipóteses, uma pequena nota nos grandes jornais diários de São Paulo. Ontem, o apagão digital foi primeiro destaque no Jornal Nacional; hoje, ocupa a manchete dos dois principais jornais de São Paulo.
Por que esse alarido, se o que circula pelas redes, que ontem ficaram paralisadas, não são automóveis particulares, caminhões de carga, alimentos perecíveis, professores em passeata, etc.
O motivo do inédito burburinho, foi que os bens, sem dimensão física, que correm por essas redes, tais como, transações financeiras, pesquisas de mercado, pacotes turísticos, “help desks” remotos, palestras, vídeos, músicas, compõem um bem maior, denominado conhecimento, o principal ativo dos nossos dias.
Se São Paulo parou, é sinal de que o conhecimento está incrementando sua participação nos PIBs, da cidade, do estado e do país. Parar foi ruim, muito ruim, mas descobrir que a circulação de conhecimento em São Paulo está ganhando volume foi bom, muito bom.
2. O evento de ontem colocou a questão das redes digitais na agenda política nacional. Aquela triste tradição de que político não investe em rede de esgoto por que elas ficam enterradas e não dão votos, que parece estar sendo, felizmente, superada, não pode se repetir com as redes digitais.
O atraso na construção de redes de esgoto nos trouxe como legado, rios mortos e taxas de mortalidade vergonhosas. O atraso no adensamento das redes digitais, por sua vez, dificultará nosso ingresso soberano na sociedade do conhecimento. Cidades líderes precisam de talentos, talentos demandam educação de alto nível, transportes modernos, qualidade de vida e ambientes tecnológicos compatíveis. As redes digitais colaboram para que tudo isso ocorra.
Na era do conhecimento, um dos principais indicadores de efetividade das cidades é a sua capacidade de transmissão de dados, medida em bits por segundo. Segundo dados da Tele-Geography, publicados na edição 907 da revista Exame, Londres é a cidade líder nesse índice, com 2,35 trilhões de bits por segundo (Tbps). Na seqüência surgem Paris (1,7 Tbps), Frankfurt(1,3 Tbps) e Nova York (1,2 Tbps). São Paulo está na vigésima colocação com humildes 0,17 Tbps.
Uma boa política pública pode nos levar mais para cima. Tapar os olhos para o problema pode transformar São Paulo em uma cidade sem talentos e, portanto, empobrecida. Sou otimista, acho que a ficha vai cair.
3. A importância do evento de ontem mostrou,também, que se conhecimento é fator estratégico, ele deve ter meios alternativos de circulação. Governos e iniciativa privada devem ficar atentos à necessidade de termos planos b muito bem azeitados para estas situações. Não é possível que um único fornecedor, seja ele qual for, responda por parcela tão substantiva no tráfego de dados de uma cidade, região ou país. A concorrência, nessa área, é indispensável para que a gente chegue mais perto do pelotão de cima das cidades e nações. Agências reguladoras, associações empresariais, e demais organismos com algum grau de interferência sobre esta questão, devem estudá-la com carinho e partir, de imediato, para ações que nos permitam, no futuro, agradecer que o apagão tenha ocorrido enquanto poderia acontecer.
Comentários
O melhor que li.
O apagão digital deixou claro que governos, empresas e pessoas dependem da rede, da conexão com serviços públicos e privados, como "nunca antes neste país".
Mas também deixou evidente a ausência de estratégia, a falta que faz uma política pública de conexão e conteúdo.
Alguns confudem isso com leis de padronização, outros acharão que é evento isolado e desmerecedor de atenção, mas poucos sabem que essa é a política pública que falta ao século XXI.
Voto nesses últimos.