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Luz no Fim do Túnel?

Conforme observei em postagens anteriores, cidades do conhecimento demandam ambientes favoráveis à criação e circulação de idéias e, em função disto, à inovação. O problema é que tais ambientes não são fáceis de implementar. O jeito de pensar industrial, que prevalece desde o século XIX, é difícil de ser descartado. Reconstruir uma cidade para que a sua fonte dinâmica de riqueza passe a estar centrada no conhecimento é desafio muito recente e, o que é pior, demanda mudanças sociais, econômicas e culturais muito profundas . Do ponto de vista governamental, as estratégias, planos, projetos e operações urbanas necessários para que os novos tempos sejam percebidos e implementados, implicam em descartar modelos, réguas e práticas muito arraigadas no setor público.

A imensa maioria das cidades, que estão se reequipando para a nova era, tem, ao menos uma ação em comum - a recuperação de extensas áreas degradadas, normalmente bem situadas em relação a disponibilidade de equipamentos urbanos. Um desses casos, o de Dublin, de repercussão internacional, já foi, alías, tratado neste espaço em março de 2007, com o nome de “Cidade do Conhecimento I”.

Tendo estas experiências em mente, foi com muita satisfação que em dezembro do ano passado, andando pelo centro de São Paulo, observei o início das demolições na área batizada de Cracolândia, o símbolo mais triste da degradação do centro de São Paulo. Vide fotos, a seguir.

Como paulistano e gestor público, sabedor de sua importância estratégica, torço para que este projeto não seja mais um daqueles inúmeros que ficam pelo caminho. A área a ser renovada, já decretada de utilidade pública, envolve cerca de 270 mil m2. Segundo a prefeitura, a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo, a PRODAM – e mais 23 empresas privadas de tecnologia da informação, call centers e publicidade, todas intensivas em conhecimento, deverão se instalar na região.

Vamos acompanhar com atenção este projeto, pois o seu sucesso ou fracasso serão marcantes na qualificação da cidade de São Paulo em seu trajeto pós industrial.

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