Os gerentes que, ao longo dos próximos anos, ambicionarem progressos consistentes em suas carreiras deverão dedicar particular atenção à readequação de suas competências e habilidades, recalibrando-as no sentido da chefia tradicional para a liderança de equipes, do “mandar” para o “convencer”, do “eu ganhei, nós empatamos e vocês perderam” para o “tamo juntos”, só para exemplificar.
Esta, seguramente, não será - ou não tem sido, para aqueles que já iniciaram essa caminhada - uma mudança fácil, pois envolve, além de crescentes esforços de atualização no âmbito estritamente técnico, uma profunda remontagem nos modelos mentais tradicionais.
No campo técnico, a rápida e incansável diminuição no ciclo de vida de processos e produtos tem colocado, cada vez mais, a aprendizagem continuada na ordem do dia. O know-how dos colaboradores e, por consequência, das organizações, sofre ataques praticamente diários que empurram a atividade “aprender” para dentro da “folhinha de produção”. Nesse cenário, a desatenção pune a organização com a perda de mercado ou com o desaparecimento e, o gerente, com o progressivo estreitamento das alternativas de recolocação.
No plano cultural, a coisa é ainda mais complexa. O dia a dia dos gestores do século XXI será muito distinto do vivido pelo “gerentão” da era industrial que, mais do que enxergar o negócio como um todo, tinha como missão central tocar rotinas que lhes eram transmitidas top-down. Isso mudou. Hoje nenhuma organização pode se dar ao luxo de abrir mão do potencial inovador de seus empregados - independente de hierarquia ou setor de atividade - e consumidores (ou cidadãos, no caso de organizações públicas). O gerente do século XXI deverá, pois, ter habilidades e atitudes que estimulem os funcionários a pensar e criar e não simplesmente a "cumprir tabela" ou "bater o ponto", esperando por ordens e, principalmente, pela sexta-feira.
Felizmente, de uns tempos para cá uma boa parte dos MBAs e demais programas de requalificação profissional, percebendo a crescente demanda por novas habilidades, vem readequando os conteúdos de sua grade curricular, ampliando a carga horária destinada aos métodos e técnicas gerenciais que estimulem a colaboração, a criatividade e o empreendedorismo, além de abrir mais espaço para atividades práticas que cubram desde a ideação até a montagem de protótipos de produtos ou processos.
Para concluir esta postagem, fica aqui uma boa dica de quais seriam as habilidades e atitudes esperadas nos gestores, em tempos de incerteza e mudanças aceleradas. A Harvard Business Review, em ótimo artigo assinado por David Garvin, mostra o que a Google tem feito para sensibilizar seus engenheiros para a importância dos temas vinculados à gestão. Desse trabalho, destaco, abaixo, os oito principais atributos dos gestores mais eficazes da empresa, obtidos a partir do cruzamento do resultado de pesquisas feitas junto aos colaboradores com indicadores de performance. Julgo seja uma boa pista.
Os Oito Principais Atributos Do Novo Gerente
1. Ser um bom “coach”.
2. Empoderar a equipe, abrindo mão do microgerenciamento de atividades.
3. Revelar interesse e preocupação com o sucesso e o bem-estar pessoal dos membros da equipe.
4. Ser produtivo e orientado para os resultados.
5. Ser um bom comunicador, sabendo escutar e dividir informações.
6. Ajudar no desenvolvimento das carreiras.
7. Ter visão clara dos problemas e formular estratégias para a equipe.
8. Ter habilidades técnicas fundamentais que o ajudem no aconselhamento da equipe.
Comentários
Obrigado pelo comentário.
Como mencionei em meu texto, esses atributos constam do artigo de David Garvin, publicado na Harvard Business Review, que pode ser acessado clicando a palavra artigo no último parágrafo da postagem.
Vale a pena conferir.