A edição especial de 40 anos da revista Exame, publicada em dezembro de 2007, apresentou uma interessante matéria sobre a importância das cidades na sociedade do conhecimento.
A reportagem baseou-se, primordialmente, em um ranking de cidades formulado pela “Globalização e Cidades Mundiais”, GaWC, na sigla em inglês, grupo de estudos sediado na Universidade de Loughborough, em Liverpool, na Inglaterra.
Alguns aspectos tratados na matéria, mais diretamente vinculados ao escopo deste espaço, merecem nossa atenção e reflexão.
1. Mais importante dos que os países, uma seleta rede de não mais do que 40 cidades, controla e articula toda a produção mundial. Nelas, está o comando do capitalismo pós industrial, que tem na inovação seu principal combustível. Elas formam, nas palavras do cineasta americano, Eric Burns, o “laboratório humano supremo”.
2. O ranking da “GaWC” é liderado por Londres. Depois de ser ultrapassada por Nova York, nos anos 30, do século passado, Londres reassume, agora, o posto símbólico de “capital do mundo”. A abertura econômica, a eficiência do sistema financeiro e a impecável infra-estrutura tecnológica fazem da capital inglesa a cidade mais globalizada do planeta. Ao contrário, o protecionismo e excessos regulatórios, amplificados depois do “11 de setembro”, fizeram que Nova York ficasse para trás em segmentos críticos do sistema financeiro, como os de bancos de investimento, por exemplo.
3. Para que se tenha uma idéia da força da capital londrina, ela dispõe, segundo a consultoria americana Telegeography, a maior infra-estrutura mundial em banda larga, com uma capacidade de tráfego de 2,3 trilhões de bits po segundo. É por essas infovias que circula o conhecimento, a principal riqueza dos tempos atuais. Sem esse recurso, teria sido impossível, para Londres, uma pequena capital situada em uma ilha, tornar-se o maior mercado de câmbio do mundo e executar 70% da venda de títulos da dívida publica global.
4. São Paulo, aparece nessa seleta lista em 14º lugar. Para galgar esta posição, a capital paulista e seu entorno, superaram sua vocação fabril anterior, ingressando no ultra competitivo mundo das metrópoles pós-industriais. Esta região, que responde por cerca de 15 do PIB nacional, tornou-se o centro de decisões corporativas e principal motor econômico-financeiro da América Latina como um todo, batendo Rio de Janeiro, México e Buenos Aires.
5. A posição de São Paulo não é, no entanto, tranqüila. Problemas sérios de poluição, deficiências no sistema de transportes e a violência achatam a qualidade de vida da métropole. Sem atacar de frente esses gargalos, a capital paulista não pode alçar vôos mais altos. A força das grandes cidades, segundo Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, está na capacidade das mesmas em incubar mudanças e liderar inovações. Para isso elas precisam atrair e reter talentos, recursos muito voláteis, que mais do que o salário em si, buscam, cada vez mais, um espaço adequado de trabalho.
A lista completa das 14 cidades mais globalizadas, abordadas na matéria é a seguinte: 1º Londres, 2º Nova York, 3º Hong Kong, 4º Paris, 5º Tóquio, 6º Cingapura, 7º Toronto, 8º Chicago, 9º Madri, 10º Frankfurt , 11º Milão, 12º Amsterdã, 13º Bruxelas e 14º São Paulo.
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